segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A culpa é da auxiliar, mas foi erro médico?


O caso da menina de 1 ano de idade que teve o dedo cortado por descuido da auxiliar de enfermagem gerou repercussão no noticiário nacional. Programas sensacionalistas, ávidos por qualquer ponto de audiência, utilizaram o termo "erro médico" enquanto preenchiam longas tardes de discussões intermináveis sobre o assunto. Bem, mas se a profissional que cometeu o erro não é graduada em Medicina, como o seu ato falho pode ser classificado de "médico"?
Desconsiderando o fato de que a expressão "erro médico" é mais atraente para o telespectador do que "erro auxiliar", sabemos que muitos casos semelhantes ocorrem longe da ação dos verdadeiros médicos,e mesmo assim, estes são culpados pelo ocorrido, como se os demais profissionais que trabalham em hospitais não fossem responsáveis pelas funções que exercem.
O sistema de saúde no Brasil, sabe-se, é cheio de irregularidades quanto às competências de cada profissional ligado à área. Em muitas cidades do interior cearense, por exemplo, enfermeiros receitam medicamentos para os pacientes sem a supervisão médica, muitas vezes em falta nessas localidades. Muitos enfermeiros têm conhecimento sobre a administração de medicamentos, mas desconhecem as implicações que cada substância pode gerar dependendo das condições do paciente, por exemplo.
Os médicos não podem ser o "bode expiatório" da mídia, o que requer um maior senso de justiça e ética entre os que produzem matérias jornalísticas desse nível.
Acho que, como estudantes, nós podemos contribuir para reverter essa situação. Podemos começar esclarecendo determinadas coisas, como a que discutimos aqui, em casa, por exemplo, quando nossos familiares sucumbem ao veneno destilado pela mídia sensacionalista.

2 comentários:

  1. A verdade é que quase ninguém - e eu não me excluo! - sabe o que realmente cabe a cada profissional de saúde... Diferenciar o que um auxiliar de enfermagem e o que um enfermeiro faz é um dilema da área da saúde! Bem, o fato é que o "erro auxiliar" aponta um triste realidade: muitos profissionais exercem suas funções com precários materiais e praticamente NÃO HÁ "reciclagem de conhecimentos!
    Ótimo texto!
    Adorei o novo layout do blog!

    http://pacientesensinam.blogspot.com/

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