quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

dica do JP: Um golpe do destino (The Doctor)

Deixo aqui uma sugestão de filme sobre a temática do comportamento dos médicos, em que é feita uma crítica a certos desvios de conduta muito presentes no cotidiano de um hospital, bem como a relação médico-familiar. Jack McKee (Willian Hurt) é um médico ocmpleto: bem sucedido, rico e sem problemas na vida. Até receber o diagnóstico de que está com câncer. Agora ele passa a ver a Medicina na perspectiva de um paciente. Esse filme foi exposto na 1ª aula da disciplina de Psicologia Médica, no módulo de Desenvolvimento Pessoal.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O paciente e sua cultura

Em recente atividade do módulo de Assistência Básica à Saúde, coordenado pela profa. Dra. Roberta Lira, fizemos uma série de discussões sobre os aspectos sócio-culturais dos pacientes e como podem interferir no seu entendimento sobre a doença. Divididos em grupos, fizemos leitura de textos orientados e expomos as principais idéias, o que resultou em diálogos produtivos. De fato, o paciente deve ser considerado não só pela sua condição patológica, mas também pelo meio social e cultural no qual está inserido. Cada paciente tem suas peculiaridades, e não cabe ao médico nem a ninguém julgá-los. O que podemos fazer é orientá-los sobre prevenção, hábitos de vida e tratamento respeitando e incluindo o meio social do indivíduo, seja no aspecto religioso, cultural etc. Se o paciente diz que acredita em "rezadeiras", devemos considerar esse fato quando da recomendação de um esquema terapêutico:
_ o senhor toma todos esses remédios, nos dias e horas marcadas, e depois, se quiser, pode procurar a rezadeira!
Muitas pessoas creem mais em medidas alternativas do que no próprio médico, o que deve ser superado  tentando convencer da importância da consulta médica, assim como uma rezadeira ou um chá são importantes. Em se tratando de questões religiosas, é preciso ter mais cuidado ainda no trato com o paciente. Geralmente, os fundamentos religiosos, especialmente nas pessoas menos esclarecidas, costumam ser as únicas verdades existentes. O médico pode e deve aconselhar o paciente a manter um vínculo de fé, seja qual for. Pesquisas comprovaram que a fé pode estimular o sistema imunológico, ajudando no combate e na prevenção de doenças.
O importante de toda discussão a respeito é que os aspectos culturais e religiosos pode ser um aliado na recuperação do paciente e que ao médico não cabe discutir as crenças individuais de cada um, mas sim saber como usá-las para criar uma relação de empatia com os pacientes.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Brasil deve ser o primeiro país do mundo a receber vacina antidengue


Após noventa anos de estudos, o Brasil pode ser o primeiro país a receber a vacina contra a dengue, que está em fase final de preparação. No próximo mês, o laboratório responsável pela vacina irá propor ao governo brasileiro um acordo para que o país tenha prioridade da distribuição da vacina.
O imunizante, desenvolvido pela Sanofi Pasteur, está na terceira fase de testes, que começa ainda este ano, com 30 mil pessoas. Sendo comprovada a eficácia do produto, o primeiro pedido de registro e autorização será feito daqui a dois anos. Para a empresa, o objetivo é ter o produto no mercado mundial em 2015. Estamos caminhamos para o controle de mais uma doença. Para alguns países, isso será fundamental", disse o vice-presidente da companhia, Michael Watson.
"A luta contra a dengue exige um forte compromisso global de todos os parceiros da saúde pública. A primeira vacina contra a dengue está em fase final de desenvolvimento. O Instituto Internacional de Vacinas (IVI) será um jogador fundamental na facilitar os debates entre políticos, com o objetivo de assegurar que, uma vez licenciado o vacina será disponibilizada para as populações que mais precisam de uma forma atempada, disse o vice presidente sênior de Vacinas, Olivier Charmeil.
"A cada ano, cerca de dois milhões de pessoas com dengue hemorrágica necessita de internação representando um encargo significativo para os sistemas de saúde frágil de desenvolvimento e endêmicas nações ", disse o Ragnar Norrby, presidente do Conselho de Curadores da IVI. "Com uma vacina contra a dengue no horizonte de curto prazo, esta colaboração irá concentrar em acelerar a sua adopção e introdução e torná-lo acessível para aqueles com maior risco de dengue.
fonte: Isaude.net

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que faz valer a pena

Cursar uma graduação em saúde, especialmente Medicina, é uma jornada cansativa, luta diária que exige muita dedicação e é repleta de ansiedade, o que costuma exaurir nossas forças também. São 6 anos de muita leitura, muita prática, algumas vitórias, algumas ilusões, decepções etc. A vida pessoal chega a ser esquecida por vezes. Mas tudo isso tem uma razão especial. Lidar com pessoas diferentes, suas peculiaridades, histórias de vida, quase sempre um ensinamento pra nós. E cada história é uma oportunidade de acrescentar algo da valor na vida. Nós contribuímos com a promoção da saúde do paciente, e ele nos retribui com um gesto de carinho, de gratidão. Isso é o que faz valer a pena.
Lembro aqui uma paciente muito especial que conheci na enfermaria de Neurologia de um hospital público de Sobral. Na primeira vez que a vi, visando colher sua história clínica e realizar exames neurológicos, senti algo especial por ela. Suas palavras simples, o jeito de olhar, o aspecto maternal, fizeram-me prolongar um pouco mais nossa conversa. O tumor cerebral que a acometia não retirou-lhe os valores humanos conquistados com o tempo. De modo natural (e menos investigativo) contei-lhe um pouco da minha história também, afinal os pacientes se interessam muito em saber sobre aqueles "homens e mulheres de branco". Alguns dias depois, reencontramo-nos novamente na enfermaria. Ela já havia sido operada. Acompanhada da filha, ela esboçou um sorriso emocionado, apesar da expressão facial de cansaço pelos momentos sofridos. Ela se lembrou de mim, e isso me deixou muito feliz, principalmente quando me chamou de "meu filho". Nós ficamos um bom tempo proseando, falando sobre família, amigos, cidades de origem etc. Queria eu ter todo o tempo do mundo pra poder ficar conversando com aquela agradável senhora, poder fazer-lhe esquecer de tudo de ruim que já passou, poder amenizar sua dor, ser alguém sempre por perto. Mas infelizmente, não é assim que as coisas acontecem. Minhas obrigações como estudante limitam meu tempo para outros afazeres. Ao me despedir, recebi o mais carinhoso, terno e demorado abraço que poderia ter naquele momento. Em lágrimas, ela me agradecia, apesar de eu ter feito quase nada, desejou-me as melhores bênçãos, tais como as que minha mãe me deseja diariamente em suas orações. Senti-me pleno, satisfeito pelo que eu escolhi fazer, por ter escolhido estar de perto das pessoas. Depois, em silêncio, agradeci a Deus por me proporcionar esses momentos, que, de tão especiais, fazem qualquer esforço valer a pena.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uece desenvolve 1ª vacina de origem vegetal no mundo para o combate ao vírus da dengue

A primeira vacina de origem vegetal no mundo é produzida por pesquisadores daUniversidade Estadual do Ceará (Uece). Segundo a professora Isabel Guedes, bioquímica responsável pela pesquisa, o processo é totalmente pioneiro: “até o momento nenhuma vacina no mundo tinha sido produzida à base de planta”, ressalta. Aliado a esse pioneirismo, a vacina busca atender uma necessidade cada vez maior da sociedade, que é o combate à dengue. Atualmente, a dengue é a arbovirose mais comum que atinge o homem, sendo responsável, segundo Organização Mundial de Saúde por cerca de 100 milhões de casos/ano em população de risco de 2,5 a 3 bilhões de seres humanos. Neste caso, a nova tecnologia, a primeira de origem vegetal, deverá combater os quatro tipos de manifestação do vírus, incluindo o hemorrágico.  O feijão de corda (vigna unguiculata) foi o vegetal utilizado no procedimento para produção de antígenos para combater o vírus da dengue.  No processo, os cientistas injetaram genes do vírus na planta, a qual desenvolveu as proteínas anticorpos capazes de gerar as defesas do organismo. A partir daí, os antígenos foram isolados, podendo então ser aplicados em forma de vacina. De acordo com os pesquisadores, uma única planta pode gerar até 50 doses de vacina. As vantagens da vacina desenvolvida pelos pesquisadores da Uece são inúmeras, dentre elas, o seu método inovador de produção, baixo custo e redução de reações alérgicas, comuns nas vacinas desenvolvidas em métodos tradicionais, que utilizam organismos vivos e vírus atenuados.
Teste foram positivos
Os resultados obtidos através de testes em camundongos foram positivos; os animais passaram a produzir anticorpos protetores contra a dengue. O próximo passo é iniciar testes clínicos em seres humanos. Para Isabel Guedes, “é necessário desenvolver drogas eficientes no combate à dengue. Essa é uma preocupação mundial. Além disso, o custo de prevenção pode ser menor do que os tratamentos convencionais de pacientes infectados”, destaca. A Uece protegeu a pesquisa por meio do seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), através de depósito de pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Neste momento, o NIT e a Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará (Redenit-CE) estão trabalhando na transferência desta tecnologia para o mercado, a fim de que a vacina possa ser produzida em escala industrial e beneficiar, assim, a população.
fonte: Diário do Nordeste

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O custo da vida



Os egípcios já tratavam câncer com instrumentos cirúrgicos rudimentares que permitiam operar tumores superficiais. Com a descoberta da radioatividade no início do século 20, surgiu a radioterapia. As radiações ionizantes possibilitaram destruir tumores inoperáveis, e complementar cirurgias incapazes de erradicar a doença.
Na Segunda Guerra Mundial, médicos do exército americano observaram que os técnicos envolvidos nos testes com a mostarda nitrogenada como gás de guerra, apresentavam queda do número de glóbulos brancos. Como nas leucemias e linfomas as células malignas são justamente os glóbulos brancos, administraram mostarda nitrogenada para portadores dessas doenças e obtiveram regressões dramáticas. Estava inaugurada a era da quimioterapia, método que utiliza moléculas capazes de destruir as células em multiplicação.
Foi uma mudança radical do paradigma: enquanto cirurgia e radioterapia podiam curar apenas tumores localizados, a quimioterapia atacava as células disseminadas pelos diversos órgãos, em última análise, responsáveis pela incurabilidade. A segunda metade do século 20 assistiu ao desenvolvimento de diversos quimioterápicos que revolucionaram o tratamento de leucemias, linfomas, câncer de testículo, mama, ovário e muitos outros. Vieram, em seguida, os estudos comparativos conduzidos com diversas drogas, em milhares de pacientes reunidos em múltiplos centros de vários países, para avaliar a eficácia, quantificar toxicidades e analisar os índices de cura. Entramos na fase da medicina baseada em evidências científicas, por meio das quais o médico pode tomar decisões menos sujeitas a vieses individuais. A quimioterapia, no entanto, tem limitações: as drogas causam efeitos colaterais, induzem respostas que nem sempre são duradouras e não agem contra todos os tipos de tumor.
Como avançar?
Nos últimos trinta anos, a biologia molecular demonstrou que, para multiplicar-se, uma célula recebe e responde a sinais que chegam à membrana externa e são transmitidos através do citoplasma para que o DNA presente no núcleo inicie o processo de divisão celular. Essenciais na gênese do câncer, esses mecanismos envolvem uma cascata de moléculas que se comunicam umas com as outras, numa rede de incrível complexidade.
A indústria farmacêutica decidiu, então, investir na busca de “moléculas inteligentes”, capazes de neutralizar a atividade das moléculas responsáveis pela transmissão desses sinais que disparam a multiplicação das células malignas. Nasceu a terapia-alvo.
A estratégia permitiu descobrir moléculas de grande impacto na cura das leucemias mielóides crônicas e de alguns tipos de linfomas. Outras demonstraram utilidade no câncer de rim, em 15% a 20% dos casos de câncer de mama, em poucos casos de câncer de pulmão, principalmente entre mulheres orientais que nunca fumaram, além de outras situações raras e específicas.
A expansão dessa área foi vertiginosa. No momento, são incontáveis as “moléculas inteligentes” em fase de estudos clínicos. Para tornar tudo mais difícil, no entanto, as células tumorais se defendem do ataque que as atingiu em determinado alvo. Reagem ao bloqueio daquela via, criando novos caminhos para assegurar-lhes o direito de cumprir seu destino: crescer e multiplicar-se. Tal habilidade exige descobrir novas moléculas para inativar alvos alternativos. Quantas serão necessárias para controlar a doença, duas, três, cinco? Quem sabe? Dependerá da criatividade das células malignas. Se é assim, quantos remédios o doente precisará tomar? Durante quanto tempo? Qual será a toxicidade? Valerá a pena viver mais, se for para passar os dias com náuseas, astenia, dores musculares, diarreia e anorexia?Além dessas dúvidas, há o problema do vil metal. Essas drogas chegam ao mercado a preços exorbitantes. Medicamentos que custam 5 mil dólares por mês são rotineiros, alguns ultrapassam a barreira dos 10 mil. Esses custos são insuportáveis até para os países mais ricos do mundo. No Brasil, quem arcará com eles? O SUS? Os planos de saúde?
Por Dráuzio Varela

Ao lado do leito

Inúmeros pacientes, inúmeros problemas, inúmeras dores. Uma enfermaria de qualquer hospital pode ser descrita assim. Médicos, enfermeiros, auxiliares e outros profissionais desdobram-se para proporcionar um pouco mais de conforto diante da saúde frágil dos enfermos. Mas, às vezes, esquecemos que ao lado da maioria dos pacientes existe alguém que também sofre por ter seu ente querido naquela situação. São pais, mães, filhos, tios, primos, amigos, que vivem num estado de ansiedade que, se paramos um pouco observando-os, seremos capazes de sentir e de nos comover. Eles também são pacientes, são dignos de atenção. Recordo-me de uma situação que presenciei na enfermaria de um hospital público de Sobral. Havia uma criança de 4 anos no leito pediátrico, recém-admitida por crises de epilepsia. Ao lado do leito, sua mãe chorava angustiada, sozinha numa cadeira de balanço já bastante envelhecida pelo tempo. Aproximando-me, perguntei à mãe o que havia se passado com a criança. Depois da resposta, senti que ela precisava dizer algo mais e ,então, dispus-me de modo que ela pudesse falar. Sem rodeios, ela disse:
_ Doutor, ela não me reconhece! Ela não me chama de mãe! Mas eu sou  mãe dela...
Eu entendi o que se passava e percebi que ninguém naquela enfermaria disponibilizou um pouco do seu tempo pra explicar para aquela mãe angustiada o que representava o comportamento da filha. Conferi o prontuário pra me certificar do medicamento em uso e expliquei que a reação da criança era um efeito adverso, um efeito colateral comum e bastante frequente quando da administração de Fenitoína, um anticonvulsivante, ou seja, confusão mental, alteração comportamental, alteração do estado de ânimo etc. Bastou alguns minutos, e a mãe já se reconfortava com o que de fato acontecia com sua criança. É verdade que, às vezes, precisamos ter sensibilidade para percebermos que o sofrimento pode estar também no acompanhante, bem o lado do leito.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

E a luta recomeça...

"Me interessa o futuro pois é lá que passarei o resto da minha vida"
                                                                                            (Woody Allen)

É com esta frase que desejo a todos um excelente reinício de aulas, e que durante todo nossa vida, tenhamos cada vez mais certeza do nosso papel como cidadãos e, acima de tudo, como pessoas: cuidar uns dos outros e de si mesmos. Afinal, nós não estamos sozinhos, e cada um tem uma missão específica na vida, a qual devemos cumprir. À todos meus colegas estudantes, professores, servidores e amigos da Famed-UFC, um ótimo semestre de estudos e trabalho!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

80% dos brasileiros poderiam ser imunizados contra a AIDS


Um estudo epidemiológico realizado por uma equipe do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), em conjunto com o Futures Institute e a International Aids Vaccine Initiative (Iavi), estimou o potencial impacto que a medida teria, no país, na redução do número de novas infecções, mortes e pessoas que recebem tratamento antirretroviral, tendo como base diferentes cenários e grupos de risco. Publicada na revista científica internacional PLoS One, a pesquisa apontou, considerando a introdução de uma vacina no Brasil em 2015, reduções de até 73% no número de novas infecções e de 30% no número de mortes no período que iria até 2050 - quando 80% da população adulta entre 15 e 49 anos estariam imunizados por uma vacina de 40% de eficácia.
Segundo os autores, a epidemia de Aids no Brasil continua concentrada em populações de alta vulnerabilidade à infecção por HIV. Embora esta ocorra em pessoas acima de 50 anos de idade, o percentual é menor do que 10%, o que fez os pesquisadores considerarem como grupo de médio risco pessoas de 15 a 49 anos. Nesse sentido, usuários de drogas, homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e seus clientes, e pessoas que têm mais de um parceiro sexual em um ano são classificados como grupos de alto risco, podendo ser os principais alvos para a suposta vacina.
Com a finalidade de averiguar o impacto do imunizante no curso futuro da epidemia, os pesquisadores, inicialmente, modelaram a epidemia de Aids no Brasil até 2007 e simularam como esta caminharia até 2050, caso permanecessem estáveis as medidas de prevenção e a cobertura de pacientes em tratamento, mantendo, assim, a prevalência do HIV estável ao longo do período. Sem qualquer nova intervenção, a projeção indicou mais de 1 milhão de novas infecções e quase 500 mil mortes, de 2010 a 2050. Porém, em um cenário em que as populações de médio e alto risco fossem vacinadas com um imunizante 40% eficaz, a medida resultaria na redução de 52% do número de novas infecções e de 21% da quantidade de mortes devido ao HIV. " Certamente, uma vacina 70% efetiva aplicada na população em geral resultaria em um impacto mais significativo, interferindo drasticamente na epidemia brasileira pela redução de 92% do número de novas infecções, de 2020 a 2050" , estimam os autores.
Outras situações foram avaliadas a fim de verificar a relevância de fatores que podem diminuir ou interferir no impacto da vacina, como comportamentos de desinibição, ou seja, a redução do uso de preservativos, por exemplo, e falhas no alcance e na vacinação de populações de maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV. Dois cenários foram considerados para a observação da importância do comportamento de desinibição. No primeiro, o número de novas infecções foi reduzido em 42% (em vez de 73%) quando a população foi vacinada com uma vacina de baixa eficácia e gradualmente diminuiu o uso de preservativos. No segundo, o estudo apresentou até um aumento de 8,5% no número de novas infecções, em uma projeção em que 50% da população de médio e alto risco vacinados imediatamente pararam de usar camisinha.
" O impacto potencial de uma vacina de eficácia moderada, como indicado neste estudo, pode oferecer um poderoso argumento para a relevância de continuar investindo na pesquisa e no desenvolvimento de uma vacina, já que foram mostradas evidências de que esse esforço seria significativamente benéfico para o controle do HIV, mesmo em um contexto de epidemia concentrada" , explicam os pesquisadores. " Além disso, as conclusões do estudo relacionadas ao impacto de estratégias de vacinação podem demonstrar a importância de informar e acelerar discussões a respeito da produção de uma vacina e encorajar a adoção do produto no futuro, além de estimular a discussão sobre as melhores estratégias para atingir as populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV." Os pesquisadores ressaltam que, na vigência de uma vacina imperfeita, as medidas de prevenção deverão ser mais reforçadas, sob o risco de aumentarem ainda mais as novas infecções, até porque o uso sistemático de preservativos também reduz a incidência das outras doenças sexualmente transmissíveis.
fonte: FIOCRUZ

Vídeo: humanização dos hospitais

Esse vídeo é para servir de estímulo à humanização na rede hospitalar.

O beijo da morte

Poucos prazeres podem ser comparados ao que se tem com o beijo, especialmente aqueles demorados, apaixonados, cheios de sensualidade. Mas o que a jovem Jemma Benjamim, 18 anos, não sabia é que a emoção forte de um beijo poderia manifestar um problema oculto: a arritmia cardíaca. Virou notícia o fato da morte súbita da jovem ao dar seu primeiro beijo na boca. Ela era jovem, atleta, em plena forma física e gozava de boa saúde, o que prova que problemas cardíacos nem sempre são causados por hábitos alimentares ou sedentarismo. Mas o destino foi cruel com a jovem. O fato é que emoções fortes, como o do beijo,  podem levar a morte súbita quando a pessoa é acometida por arritmia cardíaca. É uma doença que pode ter componente genético e que causa morte por falha no músculo cardíaco. As doenças causadas por defeitos no músculo cardíaco são chamadas de miocardiopatias: a do tipo hipertrófica, em que há aumento do órgão, e a do tipo displasia arritmogênica, em que há substituição de células musculares por células adiposas, são os principais causadores de desfecho súbito. Ambas podem ser detectadas por exames. Um outro conjunto de doenças conhecidas como cardiopatias primariamente elétricas caracterizam-se por falhas elétricas no funcionamento do coração, cuja ativação é eletricamente anormal. Os sintomas da arritmia são desmaios, taquicardia e convulsões, e há tratamento medicamentoso. O fato é que a jovem provavelmente desconhecia a doença, e a ausência de tratamento agravou um problema até então oculto e interrompeu um momento prazeroso da jovem. Como disse Gibran Kahlil "o primeiro beijo é o começo daquela vibração mágica que transporta os amantes do mundo das coisas e dos seres para o mundo dos sonhos e das revelações".

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O bom médico, por Viriato Moura


Não é o médico que sabe mais medicina que cura mais. Há aqueles bem formados que não conseguem resultados compatíveis com seu cabedal de conhecimentos. Medicina é ciência e arte. Ciência que cobra o domínio teórico e prático do saber vigente. Arte que requer sensibilidade para perscrutar os anseios mais íntimos do ser  humano que sofre.
            O médico fundamenta seus atos  em ciências naturais como a biologia, a física e a química, que sustentam a cientificidade da medicina. Todavia, não deve esquecer que sua arte requer que ele saiba do comportamento das pessoas para compreender suas necessidades existenciais. O médico, escreve Norman Cousins, "não é um mero receitador de remédios, mas um símbolo de tudo que é transferível de um ente humano a outro, salvo a imortalidade". Reitera T.R. Harrison, autor de um clássico da medicina contemporânea: "O doente necessita sentir que sua personalidade singular está sendo compreendida e apreciada e que a essência dos problemas de sua vida foi integralmente apreendida pelo médico". 
            O médico não deve se referir ao paciente como uma doença, um caso, um número de aposento ou de  leito. O que cativa, doentes e sãos, é ser tratado como gente. Lamentavelmente, o avanço tecnológico vem roubando do médico essa virtude. Ele confia tanto na decisão das máquinas de diagnosticar a ponto de relegar a relação interpessoal com seu paciente e os procedimentos semióticos.
            O paciente é um atento observador de seu médico. Subestimar essa capacidade poderá trazer transtornos para a relação médico-paciente. Tudo que o médico diz e faz é importante para o doente que ele assiste. Afinal, por instinto de conservação, quem precisa saber mais com quem está lidando e a quem está  se entregando a cuidados é o paciente.
            O médico que não desperta confiança está fadado ao insucesso profissional. Hipócrates já percebera isso nos primórdios da medicina ao postular uma conduta ética ao médico assim como de recomendar que cuide da própria aparência, dos seus gestos e atitudes sociais. É na confiança que o médico desperta em seu paciente que reside o efeito placebo que ele provoca. "A personalidade do médico pode funcionar mais poderosamente sobre o paciente que as drogas empregadas", alude Paracelso. Pesquisas comprovam que mais de 34% da ação terapêutica dos medicamentos deve-se ao efeito placebo e não aos seus princípios ativos. É procedente, portanto, concluir que expressivo número de enfermos são curados mais pela confiança nos médicos que os tratam do que no efeito científico de suas prescrições.
              O Código de Ética Médica, coluna mestra que normatiza a boa conduta moral do médico, pressuposto basilar para que seja confiável, explicita em seu artigo 4º que a ele "cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e o bom conceito da profissão". Todavia, não é demais lembrar, escreve Elias Abdalla Filho, que esse código "só pode ser verdadeiramente exercido se encontrar ressonância na personalidade do médico".  Do contrário, conclui o autor, "será obedecido de forma apenas protocolar, estéril e carente de sentido, carente mesmo de sua própria razão de existir".
            O médico que difama levianamente seus colegas infringe a ética e conspira contra a credibilidade da própria profissão. Mais que qualquer outro profissional, depende da confiança nele depositada para que funcione com eficácia. Bernard Lown, conclui: "A crítica ferina corrompe a capacidade de cura dos médicos". Não é só o médico acusado, justa ou injustamente, que sofrerá os danos da difamação. O descrédito disseminado gerará insegurança coletiva, principalmente naqueles que precisam da assistência desses profissionais. Isso não significa que o médico, à revelia do artigo 37 do seu código de ética, acumplicie-se com os seus maus colegas protegendo-os com o silêncio. Denunciar responsavelmente o mau médico ao conselho de ética ou até em instâncias judiciais é obrigação do bom médico, em nome da boa prática da medicina.   
            O aprimoramento científico continuado, teórico e prático, a observância aos preceitos éticos e humanitários, o bom senso, o discernimento decisório e a empática relação médico-paciente compõem a imagem do médico verdadeiramente confiável. Este, sim, o médico que cura mais, o bom médico.

*Viriato Moura é médico e presidente da Academia de Medicina de Rondônia

Sopro de palavras...

"O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser  humano , em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional."
                                                                                                             Código de Ética Médica, art. 2º      

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A culpa é da auxiliar, mas foi erro médico?


O caso da menina de 1 ano de idade que teve o dedo cortado por descuido da auxiliar de enfermagem gerou repercussão no noticiário nacional. Programas sensacionalistas, ávidos por qualquer ponto de audiência, utilizaram o termo "erro médico" enquanto preenchiam longas tardes de discussões intermináveis sobre o assunto. Bem, mas se a profissional que cometeu o erro não é graduada em Medicina, como o seu ato falho pode ser classificado de "médico"?
Desconsiderando o fato de que a expressão "erro médico" é mais atraente para o telespectador do que "erro auxiliar", sabemos que muitos casos semelhantes ocorrem longe da ação dos verdadeiros médicos,e mesmo assim, estes são culpados pelo ocorrido, como se os demais profissionais que trabalham em hospitais não fossem responsáveis pelas funções que exercem.
O sistema de saúde no Brasil, sabe-se, é cheio de irregularidades quanto às competências de cada profissional ligado à área. Em muitas cidades do interior cearense, por exemplo, enfermeiros receitam medicamentos para os pacientes sem a supervisão médica, muitas vezes em falta nessas localidades. Muitos enfermeiros têm conhecimento sobre a administração de medicamentos, mas desconhecem as implicações que cada substância pode gerar dependendo das condições do paciente, por exemplo.
Os médicos não podem ser o "bode expiatório" da mídia, o que requer um maior senso de justiça e ética entre os que produzem matérias jornalísticas desse nível.
Acho que, como estudantes, nós podemos contribuir para reverter essa situação. Podemos começar esclarecendo determinadas coisas, como a que discutimos aqui, em casa, por exemplo, quando nossos familiares sucumbem ao veneno destilado pela mídia sensacionalista.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Que médico será você?



É impossível ser um bom médico sem ser um bom cidadão. É impossível ser um bom médico sem ser responsável, disciplinado, estudioso, observador atento. É impossível ser um bom médico sem amar a medicina, sem gostar de gente, sem cultivar a solidariedade, a compaixão pelo próximo. O bom médico precisa ser, visceralmente, um benfeitor. Ou será apenas um mero receitante de tratamentos. Jamais um verdadeiro médico. E um médico que não é verdadeiro, é melhor que não seja médico. Pelo bem da humanidade. Pense nisto e decida que médico você será. 


trecho extraído do texto "Que médico será você", de Viriato Moura.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

remédios gratuitos para hipertensão e diabetes

A presidente Dilma lançou o programa "Saúde não tem preço", através do qual o governo distribui gratuitamente remédios para hipertensão e diabetes na rede Aqui tem farmácia popular. O programa tem um impacto considerável, uma vez que gastos com medicamentos representam 12% da renda das famílias mais pobres. Cerca de 22,6 milhões de hipertensos e 6 milhões de diabéticos são atendidos na rede pública de saúde e deverão ser o público-alvo do programa.
Notícia comentada: O programa, sem dúvida, beneficiará milhões de pessoas que muitas vezes deixam de comprar o remédio porque precisam comprar comida para os filhos, pagar contas etc, e todos sabemos como é difícil a vida das pessoas que, além de viverem em condições sub-humanas de pobreza, ainda precisam cuidar da saúde frágil no problemático SUS. Uma excelente iniciativa!

Série "Uma história, um aprendizado": o perdão pode curar a dor da alma


De fato, a vida particular dos pacientes só diz respeito a eles mesmos, mas, como todos sabem, o médico, e por extensão o estudante de Medicina, acaba sendo menos médico e mais psicólogo, ouvinte, amigo íntimo ou confidente, dependendo da situação. Pensando nisso, relato aqui um fato ocorrido comigo numa das minhas visitas à enfermaria de Neurologia de um hospital público de Sobral. Chegando à enfermaria 4, deparei um idoso recém-admitido trauma raquimedular e crânio-encefálico, devido a um acidente de moto sem o uso de capacete. Até ai, seria mais um caso como muitos outros de acidente de motocicleta que lotam as emergências e agravam as estatísticas de morte no trânsito. Como o paciente estava letárgico e pouco ou nada responsivo, procurei obter informações com a senhora que estava ao lado:
_Bom dia. A senhora está acompanhando o paciente? É esposa?(perguntei, julgando pela idade aparentemente semelhante de ambos)
_Sou sim, mas eu não convivo com ele. Nós nos separamos há 7 anos, quando ele me deixou por outra(respondeu conformada). Mas não tinha ninguém pra ficar com ele, ai foi o jeito eu ficar.
                Confesso que, nesse momento, a minha atenção se desviou do paciente e me voltei para aquela senhora que parecia estar sofrendo de uma dor diferente, a dor da alma. Entre perguntas sobre o paciente e sobre a história da acompanhante, ela foi desabafando:
                _Sabe doutor(como muitos, ela ainda não sabia que eu sou apenas estudante), ele me deixou com 7 filhos pra criar sozinha e se “juntou” com uma mulher muito mais nova que só queria o dinheiro dele. Eu sofri muito, mas graças a Deus, hoje, meus filhos estão criados, casados e vivendo bem. E agora que o pai deles está nessa situação (falou apontando para o leito, com um olhar de piedade), eu tive que vir , já que a mulher dele nem apareceu. E Deus é tão justo, doutor, que ele foi um pai ruim pros filhos, que ele os abandonou, mas mesmo assim, os filhos deixaram seus trabalhos e suas esposas e vieram visitar. E até agora, a mulher ainda não veio. Ela só queria o dinheiro dele, doutor.
                Após uma pausa breve para reflexão, notei que a folha do caderninho em que anoto as informações da anamnese estava quase em branco. E ela continuou:
                _Não era pra eu estar aqui, doutor. Ele foi muito ruim para mim e para os meus filhos. Agora está ai, sem poder fazer nada e dependendo de mim pra tudo. Eu sou muito besta. Mas me sinto bem fazendo isso, afinal ele foi o homem que amei e é o pai dos meus filhos.
                _A senhora é muito boa. Tem um grande coração e está ajudando a quem te fez mal. Isso é muito nobre. (falei, passando a mão sobre seu ombro).
                Depois desse desabafo, voltei-me ao paciente e fiz alguns exames neurológicos de rotina. Eu agradeci, desejei coisas boas aos dois e sai.
                O ensinamento que esse fato me proporcionou foi o do perdão. Uma mulher humilde abandonada teve a dignidade e o gesto nobre de perdoar e permanecer ao lado do marido diante de uma situação tão difícil como a que ele estava passando. A atitude desta senhora deve ser exemplo para a vida.
(Alexandre Silva) 

Zinco no tratamento da diarréia

Uma amiga enfermeira me disse que médicos de cidades do Sertão Central cearense estão prescrevendo zinco para o tratamento da diarréia sob a forma de suplemento. Curioso, fui pesquisar e descobri que há alguns anos pesquisadores desenvolvem estudos sobre o papel desse mineral na terapia da diarréia. Em 2005, a OMS recomendou a suplementação com zinco para o tratamento de diarréia aguda em crianças após realização de pesquisas em diversos países onde há carência desse mineral, inclusive no Brasil, sendo Fortaleza a cidade escolhida para os estudos. O zinco reduz o tempo de duração da diarréia e previne episódios futuros. Os pesquisadores explicaram que o mineral tem efeito e ações diferentes da Terapia de Re-hidratação Oral(TRO), cujo objetivo é evitar a desidratação através do uso de soro caseiro. O zinco atua sobre diversas enzimas e recupera  mucosa intestinal defeituosa e pode ser usado simultaneamente à ingestão de soro caseiro; além disso, reduz o uso de outras medicações, o que é extremamente importante. O desafio agora é desenvolver meios de aumentar a ingestão de zinco pela população. Uma alternativa é a que os médicos citados estão praticando, que é receitar vitamina C efervescente adicionado de zinco.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

De um estudante para outros

olá, amigos!
Este blog destina-se a todos que desejam se informar de modo rápido e objetivo sobre fatos relevantes da área de saúde, a estudantes de Medicina e de áreas afins que buscam uma leitura que está além dos tradicionais livros que costumamos utilizar e também alimentar a mente com reflexões sobre o nosso papel como estudantes e futuros profissionais, através de textos e relatos sobre experiências vivenciadas por mim e pelos meus colegas estudantes que desejarem participar. Tudo isso de uma forma simples e direta, feito de estudante para estudantes. Espero que gostem!