segunda-feira, 25 de abril de 2011

JP video - Cadê os pediatras?

Assistam à reportagem sobre a falta de pediatras no Brasil exibida no Fantástico em 24/04/2011. É preocupante saber que uma especialidade tão importante está desvalorizada e em falta na rede de atendimento público do país. Confiram!

domingo, 17 de abril de 2011

Eu não quero tomar isso

O que fazer diante de um paciente que se recusa a seguir a recomendação e prescrição médicas? Durante atendimento no ambulatório, presenciei uma situação dessa. Acompanhada de sua mãe, a paciente entrou no consultório e observou-me com estranhamento, talvez por eu ser um jovem vestido de jaleco branco atrás de um birô. Pediu à mãe, em baixo tom de voz, que não me contasse nada, o que ouvi em sussurros. Ela era jovem (mais que eu) e sofria de Depressão há muito tempo, sendo tratada no CAPS local. Cumprimentei-as-as com um "bom dia" ao qual não obtive resposta por parte da moça. Contrariando a filha, a mãe começou a falar e entregou uma carta de recomendação do médico que encaminhou a paciente. O médico que eu acompanhava neste dia havia saído, mas voltou pouco tempo depois. Vendo aquele senhor com "cara de médico", a moça despertou e começou a falar também.
__Doutor, eu não quero mais tomar isso. (Falou, apontando com força para a receita médica da consulta anterior)
A paciente se queixava dos efeitos colaterais da medicação, negava-a com veemência. Reclamava de tudo, da vida, das pessoas, da mãe que estava ao lado, dos médicos que a atendem; só faltou reclamar de mim! Eu e o médico tentávamos convencê-la da necessidade de tomar os remédios, mas era trabalho perdido. Perguntamos se ela estudava ou trabalhava, ao que ela respondeu negativamente, inclusive com repúdio. Sua apatia pela vida era notória; não tinha ânimo para nada, nem para tratar a enxaqueca de que sofria também. Só reclamava, reclamava, reclamava e depois chorou.
__Ela não faz nada, doutor! Só come e dorme.__ Disse a mãe.
Consciente de que suas tentativas seriam frustradas, o médico consentiu em tirar um dos medicamentos ( o da enaqueca, já que um dos outros medicamentos que ela tomava tinha efeito semelhante), mas pediu à paciente que procurasse mudar seus hábitos de vida. Ela engoliu alguns choros, levantou-se e saiu do consultório sem se despedir. Educadamente, a mãe agradeceu e também saiu. Depois de tudo, refleti como é difícil convencer pacientes a cuidarem de si mesmo quando o que lhes falta, na verdade, é desejo pela vida.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Além do massacre, uma mente em conflito

O massacre de 12 crianças em uma escola no Rio de Janeiro comoveu o país e o mundo. Pequenos seres tiveram suas vidas interrompidas de modo brutal, violento. Como alguém é capaz de assassinar crianças inocentes? O propósito dessa postagem não é discutir o aspecto cruel do fato, até porque isso já está sendo feito de forma massiva pela mídia. Pretendo levantar aqui a discussão sobre saúde mental, bullying e seus efeitos para a personalidade das pessoas. A mente humana é complexa, e não há protótipos pré-estabelecidos¹. Será que em algum momento o autor dos crimes passou por uma avaliação psiquiátrica? Acompanho o noticiário na TV, mesmo com limitações de tempo, em que pude perceber que não se trata simplesmente de crueldade. É preciso avaliar além disso. Conhecidos de Wellington afirmaram que ele foi vítima de bullying quando criança, na escola onde estudou que a mesma do cenário do crime. Além disso, sua mãe era esquizofrênica, o que reforça o indício de que ele também fosse. Prova disso são os contatos com redes terroristas possivelmente inventadas por ele. Atentemos também para o extremismo religioso tão presente nos últimos registros deixados em vida. A carta, delírio de conteúdo místico e religioso² que Wellington escreveu, contém indícios do que ele possivelmente sofreu quando criança e ao longo da vida e dos reflexos que isso gerou em sua mente. Esse é o foco atual da Psiquiatria: é a vulnerabilidade genética de cada indivíduo ao estresse do meio ambiente, que pode desencadear vários transtornos mentais. Talvez o bullying tenha sido o "gatilho" que disparou o transtorno psiquiátrico de Wellington, que já teria uma predisposição genética.  A esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico crônico, mas cujo tratamento é eficaz, com antipsicótico, terapia ocupacional e psicoterapia. Salvo situações de surtos psicóticos, os portadores desse transtorno não são agressivos e podem ter funcionalidade e serem reabilitadas. É importante sabermos que uma grande parcela da população é portadora de algum transtorno psiquiátrico, e o que é pior, uma parte desta não é tratada ou diagnosticada. A importância da saúde mental reside nessa questão também, para que situações como a do massacre do Realengo ou outras de menor gravidade sejam evitadas. E a sociedade precisa ser participante ativa nesse processo. Que essa tragédia não se resuma a dias e dias de lamentações, homenagens e exibições na mídia, mas que seja o ponto de partida para uma reflexão maior sobre saúde mental e a influência do meio no comportamento das pessoas, a exemplo do bullying e da esquizofrenia.



*1,2:  frases extraídas do texto "Massacre do Realengo-uma análise crítica", por  Joel Rennó Jr.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Do sonho à realidade: 10 anos da FAMED-Sobral



"Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas um sonho que se sonha junto é realidade"

Esse trecho da música Prelúdio, de Raul Seixas, sintetiza o sentimento que envolveu a criação do Curso de Medicina de Sobral, em 2001. 10 anos se passaram, e essas palavras nunca estiveram tão vivas como nos dias de hoje. Em cada aluno, em cada professor, em cada funcionário, existe um forte sentimento de admiração e gratidão pela conquista de tão importante centro de conhecimento médico e, acima de tudo, de formação de cidadãos conscientes do seu papel para a sociedade. Aos poucos, nossa faculdade tornou-se o que é hoje: uma família, formada numa miscelânea de individualidades e objetivos comuns, que miram o futuro sem esquecer a experiência do passado. A cada ano, essa família se enriquece com novos filhos, ao mesmo tempo em que vê o mundo receber aqueles que por aqui passaram e que agora trilham um novo caminho. O belo prédio que que salta aos olhos da sociedade, ainda enche de orgulho até mesmo os mais veteranos, como se aqui fosse a sua casa. E de fato é. Não por ser onde passamos a maior parte dos nossos dias, mas porque também é onde vivenciamos experiências que fortalece nossa identidade como humanos. Assim como uma criança cresce aos poucos, nosso curso começou pequeno, mas cheio de sonhos e determinação. E hoje, é tudo isso que vivenciamos diariamente: conhecimento, humanismo, amizade, senso crítico. Nesse mês de abril, comemoramos os seus 10 anos de fundação. Parabéns, FAMED-Sobral, aos alunos, aos professores, aos servidores, aos nossos pais, a todos que fazem essa família ser a certeza de que todo sonho que se sonho junto é realidade.

sábado, 2 de abril de 2011

JP vídeo - Desfecho trágico de um problema sem fim

Essa reportagem, exibida no Globo Repórter de sexta dia 01/03, não é apenas mais um vídeo sobre a crise na Saúde Pública do país. É o registro de uma tragédia anunciada, que culminou na morte de uma criança devido à falta de equipamentos e de estrutura necessária para o atendimento de qualidade. Senti-me na obrigação de postar esse vídeo, para que sejamos cada vez mais conscientes dos problemas que poderemos enfrentar, das vidas que estarão sob nossos cuidados, da falta de estrutura  prejudicial ao bom atendimento médico. Observem o jovem médico que enumera uma série de especialidades médicas para avaliar cada parte "doente" da paciente, sem que ele se manifeste para fazê-lo. Mas ele não estudou essas mesmas especialidades na faculdade? O detalhe é que a paciente estava sentindo fortes dores no momento, o que configura um caso de urgência. E mesmo assim ela ainda teria que procurar cada um desses especialistas? Bom, não vou mais escrever sobre o vídeo. Assistam e comentem, compartilhem suas opiniões sobre esse problema que é de todos nós e que nos caberá, no mínimo, amenizar.